Cancro dos Testículos

O que são os testículos?
São as glândulas sexuais masculinas, e estão localizados por detrás do pénis, dentro de uma bolsa de pele chamada escroto. Para além de produzirem esperma, são também a principal fonte de hormonas masculinas. Estas hormonas controlam o desenvolvimento dos órgãos reprodutores e outras características masculinas como os pêlos, barba, voz grave, ou largura dos ossos e desenvolvimento muscular.

 

Cancro do testículo
Trata-se do desenvolvimento anárquico e descontrolado de células do testículo, o que leva ao aparecimento de massas anormais (tumores) podendo causar alterações da anatomia e das funções fisiológicas.

Essas células podem entrar na corrente sanguínea ou linfática (a linfa é um líquido incolor produzido pelos tecidos do corpo que circula por um sistema próprio, onde existem os gânglios linfáticos que filtram substâncias anormais como bactérias ou células cancerosas, que tendem a ali se acumular). Assim, essas células podem espalhar-se por outras zonas do organismo e afectar outros órgãos (chamam-se metástases). É por isso frequente os cirurgiões removerem os nódulos linfáticos do abdómen a fim de verificar até onde se "espalhou" a doença.

 

Como aparece o cancro do testículo?
Embora relativamente raro (1 por cento dos cancros que aparecem nos homens) pode aparecer em qualquer idade, mesmo a partir dos 15 anos, sendo um dos cancros mais comuns nos homens jovens. Por isso, é importante saber detectar sinais que possam alertar para a sua existência.

Geralmente, é ao auto-examinar ou ao palparem acidentalmente os seus testículos que os homens descobrem esta situação.
Os testículos são duas massas de consistência macia, oval e firme que se movem livremente e podem p alpar dentro do escroto, que é a bolsa de pele que os envolve, como já vimos.
Qualquer alteração em termos de consistência, tamanho ou forma, deve ser motivo de ida ao médico a fim de esclarecer a situação.
Alguns estudos sugerem que certos homens têm tendência mais acentuada para esta doença, como por exemplo é o caso de jovens que nasceram com os testículos fora das bolsas escrotais (testículos não descidos do abdómen - ver Criptorquidia). O mesmo se pensa poder passar com os filhos de mães que durante a gravidez tomaram certos medicamentos para prevenir abortamentos (dietilstilbestrol), ou com vítimas de traumatismos testiculares violentos ou repetidos.

 

Sinais e sintomas
São os seguintes os principais sinais a que se deve estar atento:

  • "Caroço" ou irregularidade num dos testículos
  • Aumento de tamanho dum testículo
  • Sensação de "peso" no escroto
  • Dor persistente tipo "moedouro" no baixo ventre ou virilhas
  • Aparecimento súbito de líquido dentro do escroto
  • Dor ou desconforto continuados num testículo ou no escroto
  • Aumento de tamanho ou de sensibilidade da zona mamária.

Claro que estes sintomas ou sinais não significam existência certa de um cancro, e na maioria das vezes trata-se de outra causa. No entanto, é importante que na presença deles haja uma observação pelo médico se os sintomas persistirem por mais de 2 semanas. O diagnóstico precoce do cancro é muito importante porque dá grandes probabilidades de tratamento e recuperação completa.

O diagnóstico faz-se com o auxílio do exame directo dos testículos e sua palpação, análises e radiografias. No caso da suspeita ser grande, a única maneira de ter a certeza é através da análise de uma amostra de tecido testicular obtida por via inguinal (virilha) e não através do escroto, uma vez que se houver cancro o facto de atravessar o escroto pode disseminá-lo.

Os tipos d e cancro podem ser seminomas (40% dos casos) ou não-seminomas (60%). Esta classificação é importante uma vez que cada tipo de cancro evolui de maneira diferente e trata-se também de forma distinta.

 

Tratamento
O cancro dos testículos tem muito boa resposta ao tratamento, sobretudo se for iniciado cedo, e a recuperação é total mesmo em casos onde já houve certo grau de disseminação.

Importa por isso, e logo de início, fazer um ponto da situação no que respeita à disseminação da doença: se está apenas localizada ao testículo ou se já atingiu as zonas à volta ou mesmo à distância. Chama-se a isso o estadiamento. Esses dados são obtidos com auxílio de exames como por exemplo análises, radiografias, ecografias, tomografias ou mesmo cirurgia adicional.
Certas análises podem detectar a existência no sangue de determinadas substâncias que se elevam quando existem cancros (são os chamados marcadores tumorais).

O tratamento pode ser feito por um ou vários processos: cirurgia, radioterapia, ou quimioterapia.

Cirurgia
Geralmente consiste na remoção do testículo afectado, e por vezes também dos nódulos linfáticos do abdómen. Se houver disseminação de massas tumorais noutras partes do organismo, também devem ser removidas parcialmente ou por inteiro.
A remoção dos nódulos linfáticos também não altera a capacidade de ter erecções ou orgasmos, mas pode por vezes causar infertilidade se interferir com a ejaculação.
A maioria dos homens preocupa-se com o facto de que possa vir a ficar estéril ou mesmo impotente. Mas um homem com apenas um testículo normal continua a poder ter erecções normais e produção de esperma fértil. Além disso, no local de onde foi removido o testículo coloca-se uma prótese que tem a mesma consistência e peso que o normal, pelo que a vida sexual pode ser perfeitamente natural.

Radioterapia
São utilizadas radiações de alta energia que se direccionam às células tumorais indo destrui-las Normalmente são feitas várias sessões espaçadas no tempo.
Os seminomas são altamente sensíveis a este tipo de tratamento, pelo que nesta situação quase sempre se fazem radiações após a cirurgia.
As radiações afectam tanto as células cancerosas como as normais, embora estas depois recuperem. Por isso, o organismo tem um desgaste suplementar na sua regeneração, o que causa cansaço e torna necessário bastante descanso. Embora também não interfira com a actividade sexual, a radioterapia pode causar uma infertilidade transitória (alguns meses) devido a alterar a produção de esperma.
A radioterapia pode ainda causar sintomas desagradáveis como diarreia, náuseas ou vómitos, e alterações da pele na zona tratada. Estes sintomas podem ser controlados com medicação apropriada.

Quimioterapia
Consiste na administração de medicamentos que se vão fixar e destruir as células cancerosas. É um tratamento que está recomendado quando o tumor apresenta sinais de se ter disseminado por outras zonas do organismo, ou mesmo apenas quando existe a suspeita de que haja essa possibilidade. Pode ser feita por via oral, injecção muscular ou intravenosa, e geralmente é feita por ciclos: períodos de tratamento, alternados com repouso.
Os efeitos colaterais dependem do tipo de drogas utilizadas, sendo mais vulgares a queda de cabelo, maior sensibilidade às infecções, náuseas e vómitos, e lesões da boca.
Embora também não interfira com a actividade sexual, a quimioterapia pode causar uma infertilidade transitória devido a alterar a produção de esperma.

 

Após o tratamento - seguimento
É muito importante fazer exames regulares de controle durante vários anos nos homens tratados. Só assim se poderá intervir a tempo no caso de surgirem complicações ou recorrências do cancro.
Geralmente, e para além do exame físico, fazem-se análises (marcadores tumorais - mensais durante 2 anos), ecografia e exames radiográficos. O cancro do testículo raramente reaparece se o doente estiver livre da doença por 3 anos.

 

Fonte: www.sexualidades.com