FAQ - Perguntas

Quando o preservativo rompe e a rapariga toma regularmente a pílula, há necessidade de tomar a pílula do dia seguinte?

 

Quando a rapariga toma regularmente a pílula e não teve nenhum esquecimento superior a 12 horas na última semana, não há necessidade de tomar a pílula do dia seguinte. O preservativo pode romper por vários motivos, sendo na sua maioria a utilização incorrecta. A entrada de ar ou a falta de lubrificação da mulher, podem ser as causas mais frequentes. Quando o preservativo rompe, coloca a pessoa em risco de ser infectada por uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), caso algum dos parceiros seja portador/estar infectado com alguma.

Quando um preservativo rompe, a primeira coisa a fazer é lavar-se. Com água corrente e sabão (neutro de preferência). Esta lavagem pode evitar uma pequena infecção (somente as pequenas).

Depois deve deslocar-se ao Centro de Saúde, pedir para fazer exames e também para ser atendido por um especialista. Se se sentir mais à vontade com o seu médico de família, pode sempre fazê-lo.

É indispensável consultar um médico. A prevenção é o mais importante, mas se lhe acontecer um “acidente” destes, nunca deixe de consultar um médico

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Acham que o vosso trabalho tem sido importante? Tem mudado alguma coisa? Em que situações é que vos procuram?

O nosso trabalho tem sido importante, nomeadamente no incentivo a hábitos e estilos de vida saudáveis e na promoção da saúde em geral. A Existências tem vários projectos a decorrer vocacionados, essencialmente, para áreas relacionadas com a saúde e tem também formação profissional destinada a pessoas desempregadas e/ou com dificuldades de inserção socioprofissional.

No caso dos trabalhadores do sexo, a nossa acção tem incidido, especialmente, no incentivo e encaminhamento para as estruturas de saúde/ tratamento/ diagnóstico, na promoção de competências relacionadas com comportamentos sexuais de maior responsabilidade, na negociação de práticas de sexo seguro, bem como na aproximação dos utentes aos serviços e recursos que existem na comunidade. Neste contexto, somos procurados em variadas situações, como por exemplo, em situações de dúvidas ou questões relacionadas com o comportamento sexual, dificuldades no acesso aos serviços de saúde, questões legais ou de apoio jurídico, inserção socioprofissional e acesso a serviços sociais e outros recursos da comunidade.

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Já trabalharam com casos de mulheres que se prostituíram e continuam?

Sim, nem todas os trabalhadores do sexo com quem temos tido contacto abandonam ou desejam abandonar a actividade. As razões para a manutenção desta actividade são várias: falta de outras oportunidades, falta de redes de suporte, nomeadamente, familiares, pressão de terceiros, ganhos financeiros rápidos e mais imediatos, situações de emergência face a grandes dificuldades financeiras ou mesmo desejo e escolha livre de desempenhar esta actividade. Há também casos de pessoas que abandonam a actividade durante algum tempo e que regressam, por vários motivos relacionados com mudanças ocorridas na sua vida pessoal e familiar e/ou financeira.

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Vivo na Marinha Grande e vejo bastantes vezes estes profissionais do sexo, talvez até cada vez mais vezes. Têm conhecimento de resultados concretos em termos de pessoas que abandonaram a profissão e/ou diminuição de números?

A população que se dedica ao trabalho sexual tem múltiplas características, não sendo possível falar de uma realidade única. Trata-se de uma população, muitas vezes, “flutuante” em que o contacto regular e continuado com as mesmas pessoas nem sempre é possível. Muitos trabalhadores do sexo mudam de residência com frequência; muitos abandonam a actividade durante períodos de tempo mais ou menos longos e regressam mais tarde, outros mantém-se nesta actividade e nos mesmos locais por longos períodos de tempo. É verdade que temos acompanhado casos de pessoas que abandonam esta actividade por decisão pessoal, por mudança das condições de vida ou por outros motivos. Mas há também pessoas que regressam ou que não desejam abandonar a actividade. Em termos de resultados numéricos, quer seja de aumento ou diminuição desta realidade, é difícil ter indicadores uma vez que o acesso a esta população e a esta realidade é variável.

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Consideram que a vossa intervenção tem sucesso na maioria dos trabalhadores do sexo? Conseguem reduzir o risco delas contraírem doenças/ infecções?

Desde 2005 que a Associação Existências tem vindo a intervir no contexto do trabalho sexual recorrendo a uma metodologia de contacto directo e muito próximo com a população que se dedica a esta actividade. Para além da veiculação de informação, aconselhamento, encaminhamentos para estruturas de saúde e todo o apoio psicossocial que efectuamos, temos aplicado com regularidade questionários que visam compreender e avaliar o impacto da nossa intervenção junto destas pessoas, nomeadamente no que diz respeito a atitudes e comportamentos de risco/ prevenção, crenças e conhecimentos acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis e condições de vida da população com que intervimos. Isto, para além dos encaminhamentos que efectuamos regularmente para realização de rastreios e consultas médicas de rotina ou de tratamento de sintomatologia, tem-nos permitido avaliar e concluir que a nossa intervenção tem tido um impacto positivo na mudança de comportamentos e no aumento de conhecimentos e de acesso a informação na área da saúde.

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Que exames se devem fazer para se ver se se contraiu uma doença sexualmente transmissível?

Caso aconteça algum «acidente» durante o acto sexual (ex: preservativo rompe) o comportamento mais correcto é pedir para ser observado por um especialista ou Médico de família. Na consulta e perante o relato do «acidente», o profissional irá aconselhar/pedir os exames que considera mais adequados para cada caso. As IST’s são muitas, logo os exames para as detectar também são variados. Não esquecer ainda que os resultados dos exames necessitam ser interpretados, e só alguém entendedor na matéria o consegue fazer de forma adequada, para posteriormente aconselhar sobre o que é que a pessoa vai ter que fazer, caso se se confirme a presença de uma infecção.

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Dentro do mundo da prostituição, qual é a percentagem de prostitutas (masculinos ou femininos) que admite a sua profissão?

A actividade da prostituição continua a ser uma actividade raramente admitida por quem a pratica devido ao estigma e ao medo de represálias por parte da sociedade em geral. Nalguns casos, a actividade é admitida dentro de círculos mais restritos, não sendo normalmente admitida fora deles.

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Existem prostitutos que sabem que estão infectados com alguma DST e que continuam a praticar sexo sem protecção, infectando outras pessoas? Isso é crime?

Sim, ocasionalmente temos conhecimento de alguns destes casos embora a nossa intervenção e aconselhamento seja, obviamente, no sentido de desmobilizar e desincentivar este tipo de comportamentos. A verdade é que continuamos a ouvir também relatos de trabalhadores do sexo que são abordados e pressionados por clientes que preferem pagar mais em troca de relações sexuais desprotegidas, alegando que não existe risco.

No Código Penal português, não há um artigo específico sobre a transmissão do VIH, mas existem alguns artigos susceptíveis de aplicação como o art. 283º que prevê o crime de Propagação de Doença aplicável a “quem propagar doença contagiosa
e criar deste modo perigo para a vida ou perigo grave para a integridade física de outrem”, punível com pena de prisão de um a oito anos. Há outros artigos susceptíveis de aplicação, como os relativos às ofensas corporais e os crimes sexuais nos quais o Código Penal refere o VIH e aí a pena pode ser agravada se houver passagem do vírus.

Em Portugal são raros os casos de aplicação e condenação por crime relacionado com a transmissão do VIH através de relações sexuais não forçadas. De qualquer forma, a responsabilidade do uso do preservativo nas relações sexuais consentidas é da responsabilidade tanto do trabalhador sexual como do cliente.

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Por que é que é tão importante fazer a distinção entre sexo com preservativo e sem, com parceiro fixo, claro?

Recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou a estratégia ABC, que é uma política de educação sexual baseada na redução de danos. Esta modifica a abordagem da abstinência e da educação sexual através da inclusão de educação sobre sexo seguro (Prevenção de IST’s) e os métodos de controlo de natalidade.
O ABC é constituído por: Abstinência (Abstinence), Fidelidade mútua (Be Faithful) e Uso consistente do preservativo (Condom Use):
Abstinência – A abordagem ABC Incentiva os jovens a utilizar a abstinência até o casamento. Esta é a maneira mais eficaz de evitar a infecção pelo vírus HIV e outras IST’s. Nesta forma de protecção os participantes desenvolvem habilidades para praticar a abstinência e encoraja os participantes a adotar as normas sociais que suportem a abstinência.
Fidelidade mútua - Além de abstinência, a abordagem ABC encoraja os participantes a eliminar parceiros sexuais casuais e praticar a fidelidade dentro do casamento e outras relações sexuais. Isso reduz a exposição ao HIV assim como a outras IST’s.
Uso consistente do preservativo - O componente final para a abordagem ABC é o "o uso correto e consistente do preservativo". Durante a compreensão dos benefícios da abstinência, os participantes são instruídos sobre como aplicar e usar um preservativo. Este é um exemplo de redução de risco durante em casos em que a eliminação de risco não é praticada. Também aprendem que os preservativos não protegem contra todas as formas de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ex: Herpes Genital).
Quando falamos em sexo com ou sem preservativo entre casais jovens (jovens namorados) temos em conta a abordagem supra mencionada. E incentivamos que o casal estabeleça diálogo entre si para saber qual a melhor forma de protecção sexual que se adapta ao mesmo (A..B… ou C…). Não esquecer que esta abordagem (ABC) está direccionada para a redução de risco de contracção de IST! Se o casal adoptar uma sexualidade pela Fidelidade mútua (sem utilização de preservativo) não pode esquecer que corre risco de uma gravidez, logo a necessidade de utilização de um método contraceptivo hormonal (que por sua vez não protege das IST’s!).

 

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Só existe prostituição feminina, incluindo nos animais? Fora os homens homossexuais.

Não. Existe prostituição feminina e masculina, quer de carácter heterossexual como homossexual ou bissexual. Na nossa experiência de trabalho, temos encontrado, essencialmente, mulheres que prestam serviços a homens, homens que prestam serviços a homens, bem como travestis e transexuais com identidade de género masculino que, neste caso e da experiência que a Existências tem tido, fazem trabalho sexual direccionado a outros homens.

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