Corrimento Vaginal

É uma das situações ginecológicas mais frequentes.
É preciso ter em conta de que existe um corrimento vaginal normal que actua como forma de limpeza e de lubrificação da vagina. Esse corrimento pode ser alterado pelas variações hormonais do ciclo, lesões, ou então, por infecções devidas a vários tipos de microorganismos, sendo esta última causa a mais frequente nas situações de corrimentos anormais.
Por vezes é difícil de determinar qual a origem da infecção e pode ser necessário recorrer a uma análise do corrimento, o que pode ser feito em qualquer laboratório.

As infecções mais frequentes são:

    Infecção por Trichomonas

Causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis é sexualmente transmissível (mas não se apanha necessariamente sempre por relações sexuais). Aparece em cerca de 13 a 20% das mulheres, e infecta 30 a 70% dos parceiros dessas mulheres, o que aconselha ao tratamento simultâneo do casal.
Nos homens esta doença é geralmente assintomática, e nas mulheres pode sê-lo em alguns casos, embora com a continuação da infecção acabem por aparecer sintomas.
Os sintomas são corrimento com ou sem odor desagradável, ardor, prurido (comichão), dores ao urinar, ou mesmo dores durante as relações.
O tratamento, bastante eficaz, faz-se com um medicamento tendo como princípio activo o metronidazol, geralmente usado por via oral. É aconselhável o tratamento simultâneo do parceiro sexual, e não se deve consumir álcool enquanto durar. Há tratamentos de dose única ou durante 7 dias (mais eficazes, se forem cumpridos). Por vezes pode ser necessária uma repetição.
 

    Candidíase

É uma infecção causada por um fungo chamado Cândida albicans e é muito frequente. Representa 20 a 25% das infecções vaginais. Pode ser desencadeada por contacto sexual, tratamento com antibióticos, uso da pílula, tratamento com corticóides (cortisona) ou diabetes.
Os sintomas são um corrimento geralmente abundante, branco e espesso, semelhante a iogurte, acompanhado frequentemente por ardor, prurido e inflamação da vulva (grandes e pequenos lábios).
O tratamento é feito com aplicação local de cremes ou comprimidos vaginais, derivados de uma substância chamada imidazol. Nos casos de repetição pode ser necessário fazer um tratamento oral com comprimidos.
Como a Cândida se encontra no intestino, é conveniente ter algum cuidado na higiene anal, e saber que o sexo anal pode ser uma forma de contaminação.
 

    Vaginose bacteriana

Antigamente conhecida como vaginite por Gardnerella, é a infecção mais frequente, representado cerca de 40 a 50% dos casos. No entanto, quase 50% das mulheres infectadas não apresentam sintomas.
Caracteristicamente as queixas são um desconforto moderado, ardor e prurido, e um corrimento geralmente com odor desagradável e com uma coloração cinzenta ou amarelo-esverdeado.
O tratamento faz-se mediante a toma de metronidazol, como na Trichomonas, eventualmente associado a antibióticos.
Como não é transmitida sexualmente, não é obrigatório o tratamento do parceiro sexual.
 

    Vaginite atrófica

É uma situação típica das mulheres mais idosas, após a menopausa. Nesta altura, a falta de hormonas estrogénicas faz com que o revestimento vaginal se atrofie e fique mais sensível a ser infectado por uma série de microorganismos que normalmente não causariam problemas.
Há um corrimento aquoso em pequena quantidade, acompanhado por sintomas bastante incomodativos como por exemplo ardor, dor ao urinar, prurido, irritação vaginal e dores durante as relações sexuais.
Esta situação responde bem à aplicação de cremes contendo estrogénios, aplicados diariamente durante 1 a 2 semanas e depois uma a duas vezes por semana.
A terapêutica hormonal de substituição, utilizada muitas vezes nas mulheres na menopausa, melhora também esta situação.
 

    Cervicite crónica

Consiste na inflamação prolongada ou repetida da zona do colo do útero, que pode ser originada por diversas situações como por exemplo pólipos, lesões degenerativas das células, cancro, ou, mais frequentemente, por uma situação conhecida como ectropion que consiste na proliferação das células do interior do colo uterino para a sua zona externa, onde inflamam. Pode haver um corrimento espesso, amarelado e por vezes raiado de sangue.

 

Recomendações gerais

Todas estas infecções podem ser prevenidas ou pelo menos minimizadas se houver determinados cuidados, sobretudo nas mulheres com tendência para estas patologias.
Assim , devem ser evitadas roupas interiores de nylon, calças muito justas, ou roupa húmida (fatos de banho). Também se devem evitar os muito populares duches vaginais, aplicação de sabões irritativos ou usar antissépticos com frequência. Os desodorizantes genitais também pode ser irritativos. Deve-se fazer uma lavagem diária com água morna e sabões neutros. Após urinar, deve-se limpar a vulva no sentido da frente para trás, a fim de evitar a contaminação pelos microorganismos fecais.

 

Fonte: https://www.sexualidades.com